Será que eu tenho TDAH?

Criança com TDAH

Criança Solitária e rejeitada

Desde pequeno, sempre fui a criança em que as outras crianças não queriam estar perto. Pelo simples fato de não saber brincar da forma com que brincavam. Sempre acabava com a brincadeira de forma agressiva, ou “não estando nem aí” para o que estavam brincando. Esses sintomas eram normais na minha vida, mas não aos olhos de outras pessoas. Meus pais não sei se percebiam, mas também não tinham muita informação sobre o assunto, sempre fui lerdinho.

Desde adolescente eu sabia que existia algo de errado comigo.

 

Desde quando tive 16 anos, após um episódio com uma namorada, eu entendi que havia algo de muito errado comigo. O Fato de não prestar atenção nas coisas era algo realmente que me incomodava.

A falta de memória era latente, um dos principais motivos que sempre procurei anotar tudo que tinha, isso quando lembrava de anotar.

Sempre muito confuso com tudo tive muitas dificuldades de relacionamento. O TDAH já estava gritando comigo, minha família e e meus pouquíssimos colegas, amigos? nenhum.

Sintomas que eu percebi em mim

Vou descrever aqui uma lista sobre o que eu sentia na época que não sabia que tinha TDAH, mas coisas me deixavam furioso, e TODOS reclamavam da mesma coisa, porém não entendia porque não me via desta forma, e achava supernomal, porque eu sempre fui assim, e sempre pensei que os outros eram assim também. Mas não são.

Sintomas que observei em mim quando não sabia do TDAH:

 

  • Falta de memória
  • Me pegar voando em pensamentos
  • Pensar em diversas coisas, ruins e boas
  • pensar em suicídio, talvez assim as pessoas me notariam
  • se sentir rejeitado pelos outros
  • me sentir incapaz
  • ligar o dana-se, exteriormente, mas magoado no interior
  • pensar que eu poderia ter superpoderes e assim seria tudo aquilo que não era
  •  não aceitar que outros me chamavam de retardado (porque era o unico xingamento que me afetava realmente)
  • ser inocente demais
  • não entender a piada
  • não entender que o outro estava tentando me enganar
  • não entender as expressões corporais, como uma pessoa irritada ou nervosa
  • não saber me expressar corretamente
  • cometer muitas garfes
  • interromper os outros
  • não saber esperar
  • ser passivo.
  • mentir para parecer melhor

Como eu descobri o TDAH

Quando era adolescente, na minha primeira namorada, além de diversas muitas outras reclamações de inúmeras pessoas, ela, a quem eu me importava, me indagou dizendo que eu não prestava atenção nela, e que naquele exato momento, outor menino tinha praticamente passado a mão nela e cantado me afrontando e eu não tinha percebido. Motivo pelo qual terminamos.

Na época, eu tinha acesso ao buscador Cadê, o Google não era tão famoso assim. Então pesquisei na internet os sintomas que tinha e o que os outros reclamavam de mim.

Chorei ao descobrir o TDAH e que era considerado autista na época. Falei com minha mãe para buscarmos tratamento porque isso estava me afetando muito, e estava muito triste com tudo isso. Sem condições financeiras, muito menos plano de saúde, buscamos um médico particular que cobrasse baratinho.

Falei do meu problema, abri meu coração, e o médico falou que isso era coisa de criança, que eu tinha que parar com os joguinhos e fazer jogo da memória para melhorar a memoria. Isto foi o fim pra mim, entendi que eu era retardado mesmo e que deveria conviver com isso.

 

 

TDAH na Fase Adulta

Sempre com MUITA DIFICULDADE em tudo que fazia, chegar na hora no trabalho, cumprir ordens, prestar atenção, não retroceder 500 vezes para fazer uma unica tarefa, dificuldades pra cumprir os prazos, fui levando como dava.

Me interessava MUITO em um assunto, e logo que conseguia aprender alguma coisa, já me batia o desenteresse e abandonava.

Fiz curso de Administração de Empresas, técnico em Farmácia, tecnico em informática, técnico em Silkscreen, já pensei em fazer medicina, engenharia, ser atleta, nada com profundidade, tudo razo e “sem comprometimento”

Entrei para as fileiras do Exército aos 23 anos. Aprendi muito (Na marra) a chegar no horário (horario de entrada 7h da manhã, chegava no quartel as 5h para não chegar atrasado)

Gostava somente de fazer os desafios (coisas dificeis que ninguem queria fazer, pois assim me sentia útil)

Nasce minha filha aos 33 anos. Onde piorou meus sintomas em 3 a 4x mais. Não conseguia mais dialogar com as pessoas, cumprir nada, nem atenção para minha filha recém nascida conseguia dar. Tudo sintoma do TDAH, onde que aos 33 anos, foi o Estopim. Com a vida financeira mais estável, e com plano de saúde, decidi procurar tratamento.

 

Ritalina (metilfenidado) me salvou

Com o diagnóstico dado por psicólogos através da avaliação neuropsicológica, eu busquei tratamento com neurologista, onde me passou a Ritalina. Mas devido ao preço, estou comprando o genérico (metilfenidado). Onde mudou drasticamente minha forma de ver a vida e conviver com as pessoas. Enquanto tenho efeito do medicamento, consigo até escrever este texto. Organizar as idéias, dialogar, concluir as tarefas. Prestar atenção na minha filha e esposa.

A Ritalina deu um upgrade na minha vida. Ainda não está como gostaria de estar, porém comecei o tratamento a pouco tempo, faz 6 meses agora. Então estou me adaptando ainda.

Entendo que preciso do medicamento para fazer minhas atividades e ser produtivo. Sei conviver sem, mas é melhor tomar a medicação, porque consigo ser uma pessoa melhor para as pessoas que amo.

 

Suspeita de TDAH?

Dessa forma foi a minha vida toda. Sem lembrar das coisas, sem amigos, sem perspectiva, muitos pensamentos, muitas vontades de fazer coisas erradas. Não menospreze o TDAH, o portador sofre muito. Se seu filho está com sintomas parecidos com esse, dê o apoio que ele precisa. Não deixe acontecer com ele, como foi comigo. Existe tratamento sim, é eficaz, e faz muito bem aos portadores dessa enfermidade. 

Se você acha que tem TDAH, não perca mais tempo, procure ajuda de um médico, se ele não lhe der atenção, como foi comigo, procure outro, não desista até você entender realmente o que acontece contigo.

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